Autora: Amor Pérez-Rodríguez    Tradução: Vanessa Matos https://doi.org/10.3916/escuela-de-autores-162 Avaliar um texto científico é uma tarefa complexa que requer, por um lado, conhecimento do objeto do texto a ser avaliado, mas também ética profissional. Aqueles que de alguma forma são o portal ou os árbitros do conhecimento nas publicações científicas devem ter os critérios mais objetivos e […]

Autora: Amor Pérez-Rodríguez    Tradução: Vanessa Matos

https://doi.org/10.3916/escuela-de-autores-162

Avaliar um texto científico é uma tarefa complexa que requer, por um lado, conhecimento do objeto do texto a ser avaliado, mas também ética profissional. Aqueles que de alguma forma são o portal ou os árbitros do conhecimento nas publicações científicas devem ter os critérios mais objetivos e sólidos possíveis, baseados na experiência, equilíbrio e rigor nas avaliações.

Quando um manuscrito é submetido a um periódico, o processo para sua aprovação ou rejeição envolve uma série de etapas. Em primeiro lugar, valorizam-se os aspectos formais, que costumam ser muito visíveis e têm a ver, por exemplo, com:

  • Arquivos e modelos necessários.
  • Metadados: autoria, afiliação, orcid, abstract, keywords, seção, financiamento.
  • Tema e / ou foco da revista, chamada para publicação.
  • Sistemas de referência, anonimato.

Esta fase, muitas vezes, significa uma rejeição repentina, sobretudo, quando se descobre que não foram levados em consideração os regulamentos da revista ou da seção de controle prévio. Para o corpo editorial, é uma indicação de que a revista não é conhecida, de que não foi lida e de que não houve muito cuidado na preparação do texto. Os artigos podem ser rejeitados porque os aspectos formais não são cumpridos (metadados, estrutura e extensão, número e exatidão das palavras-chave, regulamentos de referência …).

Em relação ao objeto de estudo do artigo, muitas publicações fazem uma primeira análise do conteúdo, em geral, para ver se ele se enquadra na temática da revista. Muitas vezes são enviados manuscritos que não têm relação com o foco e, portanto, o que cabe é uma rejeição porque o objeto de estudo não se enquadra no tema / foco. Nesse sentido, os periódicos delimitam claramente seu campo, o tipo de estudos que recebem, ou os modelos de estrutura de pesquisa. Se for enviado um texto que não siga essas indicações, a rejeição é direta. São também motivos de rejeição, nesta primeira fase, que o trabalho apresente um pequeno número de referências, ou ainda que estas estejam desatualizadas, que a pesquisa não forneça uma metodologia sólida, que a amostra seja pequena e / ou local, ou que as conclusões não sejam originais e significativas.

Se o texto enviado passar nessa primeira fase, ele vai para a revisão por pares. Muitos periódicos possuem processos muito rigorosos com várias rodadas em que especialistas avaliam a consistência do trabalho em função das demandas de um texto científico, da metodologia de pesquisa e de sua estrutura.

Os relatórios de avaliação são feitos a partir de rigor, cortesia e crítica construtiva. Por isso, é importante que suas indicações sejam aceitas como uma opção de aprimoramento e aprendizado. Muitas vezes, a atenção, a justificativa e as respostas corretas às recomendações e indicações ajudam para que o texto seja aprovado definitivamente.

A revisão é feita a partir de uma boa leitura do texto a ser avaliado de forma objetiva. Isso implica que, a partir da experiência e do conhecimento do revisor,  verifica-se, por um lado, a solidez do referencial teórico e o estado da arte apresentado no artigo, e, por outro, a qualidade e quantidade de informação de acordo com a novidade da contribuição e com o construto teórico que se pretende levantar. As avaliações são feitas de acordo com:

  • Como o título e o resumo expõem (de forma clara e adequada) o objeto do trabalho.
  • A relevância, atualidade e originalidade da obra em relação ao tema.
  • O escopo da revisão da literatura.

Nesse sentido, é importante atentar-se para as referências bibliográficas, variadas, atualizadas e condizentes com a linha de argumentação. Não é aconselhável abusar da autocitação ou citar desnecessariamente. Um bom revisor capta esses círculos e tendências, e um mau revisor distorce sua avaliação por meio de escolhas teóricas pessoais.

  • Citações diversas e apropriadas.
  • Referências usadas.

Outro aspecto importante da revisão centra-se na metodologia utilizada, bem como nos resultados e nas discussões. Dependendo do estudo e do seu escopo, o rigor metodológico é apreciado na forma como as questões de pesquisa, os objetivos, as hipóteses são levantadas e, consequentemente, o tipo de pesquisa e / ou modelo que o estudo segue. Tudo isso deve estar relacionado ao que consta do estado da arte. A par disso, a definição do instrumento ou instrumentos utilizados, se aplicável, a sua validação e pilotagem são outras indicações voltadas para uma boa abordagem metodológica. Por fim, a revisão deve estimar o grau de progresso em termos dos resultados e da discussão que se realiza sobre eles. Apresentar descobertas sem comentários e discussões empobrece a qualidade de um texto científico e limita o significado das contribuições.

Relativamente às conclusões, procede-se à revisão da consistência dos resultados obtidos, de acordo com os objetivos traçados. Costuma-se penalizar que as conclusões não exponham as conquistas de forma convincente e que se dediquem a repetir ideias que não são deduzidas da obra, ou que sejam óbvias.

Por fim, uma revisão também indica percepções sobre a estrutura e organização do artigo, bem como questões de redação, argumentação, redação científica e, às vezes, o uso do inglês.

Os revisores podem oferecer opiniões diferentes devido às suas afiliações conceituais, suas abordagens epistemológicas, percepções metodológicas, ideologias, etc. Os editores ajustam essas divergências e enviam os relatórios, os quais devem ser respondidos com clareza e expondo as alterações realizadas com base nas recomendações.

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