Tradução: Lilian Rocha-Ribeiro

O valor do conhecimento, sua geração, seu acesso e inclusive seu formato – tem mudado, graças à Internet, a conectividade e a proliferação de dispositivos. Esta transformação está afetando a produção científica dos investigadores que devem migrar como autores a outros modelos adaptados a uma sociedade que exige novos critérios para visibilidade científica. Concisão, padronização e capacidade de síntese são características das produções científicas em formato de artigo que busquem visibilidade.

estado da questão

Neste novo post da Escola de Autores da Revista Comunicar queremos contribuir com quatro chaves necessárias para um bom estado da questão, essa fundamentação teórica que dará ao nosso artigo a importância que merece, o contexto que lhe dá sentido e a motivação intrínseca que levará o leitor até o final do texto:

  • Capacidade argumental. Trata-se de un requisito tão antigo como a retórica aristotélica  e  tão necessário quanto a eloquência para os sofistas. Saber  criar um discurso bem argumentado encadeando a nossa investigação ou contribuição será a primera chave do êxito num bom estado da questão. Do que estamos falando, que sentido tem para quem lê, que significatividade fornece ao contexto que o rodea, que motivos existem no âmbito da ação para que o autor possa aportar conhecimento científico, em que ponto se encontra a questão a partir do trabalho de outros colegas de renome na disciplina que tratamos.
  • Apoio em fontes primárias. Este requisito se fundamenta na qualidade das referências. O post Qualidade das referências de Ángel Torres Toukoumidis expõe com brilhantismo as diretrizes para conseguir esta ansiada qualidade. Um mergulho bibliográfico que implica em estar atualizado, revisar exaustivamente em revistas científicas, interessar-se pelo trabalho de outros autores que tratam do tema, consultar fontes primárias, e evidentemente, referenciar autores internacionais que dê numa visão global a nossa fundamentação teórica.
  • Redação científica e estilo adequado. A terceira chave vem da mão das outras duas expostas. É importante dar a nossas ideias e argumentações a vestimenta adequada: façamos gala de nosso conhecimento acadêmico, da formação que dá fundamento a nossas investigações e utilizemos um estilo elegante, não complexo, estiloso, não pesado de digerir, e compreensível. Sejamos verdadeiros transmissores de conhecimento e não nos escondamos atrás de uma perniciosa prosa científica que ninguém se interessará em ler, porque a comunicação  é fundamental para transmitir e a compreensão neste processo é indispensável.  Também não convém mover-se ao extremo do simplismo, confundindo a síntese e a concisão com falta de cuidado e descuido estilístico como se argumenta  neste mesmo blog Redação científica: precisão, clareza e concisão.
  •  Conexão com a atualidade e significatividade. Sem dúvidas, esta chave, necessária em nosso estado da questão, se fundamenta na aprendizagem significativa de Ausubel: a necessidade de conectar com conceitos relevantes da estrutura cognitiva de nossos leitores. É o momento em que surge a conexão que nos une ao leitor, esse estado mágico que se propicia quando o leitor encontra a motivação intrínseca de continuar lendo, seus esquemas cognitivos se estimulam e se preparam para transformar o que lê em nova aprendizagem. A importância de ler se soma a esta chave como imperativo fundamental; em seu post Leer: a primeira tarefa , Luis Miguel Romero Rodríguez ilustra esta necessária tarefa que convém transformar em hábito.

Um bom estado da questão fala de seus autores; não esqueçamos que estamos tratando do meio de comunicação para a difusão científica a través da qual somos conhecidos como investigadores e reconhecidos por nossa qualidade. Como dizia Sócrates num contexto em que a oralidade era o meio para conhecer e transmitir o conhecimento: “Fale para que te conheçam”; assim, em nosso contexto digital, “Escreva para que te conheçam”.

 

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